Após anos de resultados negativos, empresas brasileiras de diferentes setores voltaram a apostar na Argentina, à medida que a melhora dos indicadores macroeconômicos do país impulsiona os números operacionais e anima as projeções para os próximos trimestres. A empresa de turismo CVC Corp quase dobrou seus investimentos no país para 2025. A Kepler Weber, do agronegócio, espera, neste ano, quadruplicar o faturamento obtido no país vizinho em 2024. E a Marcopolo, que viu seu volume de entregas crescer 1.000% no primeiro trimestre deste ano, frente ao ano passado, mantém perspectivas positivas para os próximos trimestres.

Dona de uma empresa de turismo e com participação em mais duas marcas na Argentina, a CVC aumentou seus investimentos para R$ 25 milhões no país este ano, quase o total investido nos últimos dois anos combinados, de R$ 30 milhões, na expectativa de que a retomada argentina continue dando resultados.

Desde 2018, quando o grupo de turismo começou a operar na Argentina, registrou lucro anual duas vezes: em 2022, de R$ 4,4 milhões, e em 2024, atingindo o recorde de R$ 24 milhões. A estimativa é crescer ainda mais. A companhia passou a se preparar para reaquecer as operações no país ao observar a retomada econômica gradual, conforme Felipe Gomes, diretor financeiro da CVC.

Ao Valor, ele conta que começou a enxergar a Argentina com outros olhos entre o fim de 2023 e o início de 2024, e implementou novas medidas administrativas. “Isso tudo é um investimento pela crença e pelo que a gente está vendo agora na prática, que vai se manter assim nos próximos meses. Estamos animados.”

Os três primeiros meses de 2025 já sinalizam essa melhora: a empresa lucrou R$ 48,6 milhões no país, aumento de 367,7% sobre o lucro registrado no mesmo período do ano passado, enquanto as receitas cresceram 36%, para R$ 81 milhões. Do total faturado, 22,3% vieram da Argentina, mas Gomes estima que a relação suba para 25% nos próximos trimestres.

A Kepler Weber, que produz silos, também tem perspectivas altas para suas operações. Para este ano, espera quadruplicar o faturamento obtido no país vizinho em 2024, passando de R$ 5 milhões para cerca de R$ 20 milhões. Entre 2021 e 2023, a Kepler Weber não registrou venda nenhuma em solo argentino.

O ano passado marcou o retorno do país ao “mix” de receitas da companhia, mesmo com uma participação ainda modesta, de 2,5% do faturamento internacional. Hoje, Paraguai e Uruguai são os principais mercados da empresa fora do Brasil, mas cujas produções, somadas, representam um quinto dos volumes da Argentina. “Por que um país tão relevante do ponto de vista de produção de grãos compra muito menos que Paraguai e Uruguai juntos?”, questiona o diretor-financeiro, Renato Arroyo, em entrevista ao Valor.

Junto aos esforços operacionais, o desempenho das empresas também foi resultado da melhora do cenário macroeconômico. Segundo o argentino Roberto Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e sócio fundador da Troster & Associados, o crescimento da confiança na economia argentina está apoiado em três pilares: a eliminação do déficit público, transformado-o em superávit; o fim do controle cambial; e as reformas para desregulação que têm sido promovidas pelo governo local – fatores que têm contribuído para a queda da inflação e dos juros.

A política de câmbio fixo, que encarecia os produtos para os consumidores argentinos, foi encerrada pelo Banco Central em meados de abril para implementar o câmbio flutuante, o que corrige a distorção e favorece a recuperação gradual dos volumes.

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